Luto e saudade

Luto e saudade são sentimentos que todos nós temos em algum momento da vida. A partida de alguém especial desperta emoções intensas e, muitas vezes, difíceis de lidar. 

Mas, com o conhecimento e a acessibilidade que temos hoje, tanto o processo de luto quanto a saudade podem ser compreendidos e enfrentados de forma mais leve, respeitando os próprios sentimentos e o tempo de cada pessoa. 

Nos conteúdos desta categoria, nós vamos te mostrar formas de lidar com o luto, a saudade e as fases de cada um desses processos, trazendo uma perspectiva acolhedora e que pode te ajudar a seguir em frente após a perda de alguém. 

Vamos juntos?

O que é o luto e como ele afeta as pessoas?

O luto é a resposta emocional pela perda de uma pessoa querida. Traz sentimentos profundos e intensos, que vão muito além de uma simples tristeza passageira. Eles se manifestam em emoções complexas e podem trazer efeitos marcantes tanto para a saúde mental quanto física. 

Na área emocional, o luto psicológico pode trazer aumento do estresse e da ansiedade, mudanças na atividade cerebral, sentimentos de tristeza, raiva e sensação de vazio. 

Já no físico, a dor da perda pode se refletir em nosso corpo, trazendo sintomas de luto como:

• Fadiga;
• Falta de apetite;
• Dificuldade para dormir; e 
• Sensação de aperto no peito.

Para algumas pessoas, como a britânica Shira Schiller, lidar com a saudade pode realmente se expressar em dor física. 

Ao descrever a perda de seu filho de 10 anos, em entrevista à BBC, ela contou: “É como se alguma coisa estivesse sentada sobre seu peito, como se houvesse uma mão segurando seu coração.” 

Essa sensação de aperto no peito e dificuldade para respirar é comum entre pessoas que passam por essa experiência, evidenciando como o trauma emocional pode se refletir no corpo. 

Lyn Rigby, outra mãe em luto, compartilhou uma experiência semelhante ao dizer que, desde a perda de seu filho, sente uma “constante dor no peito”, uma dor persistente e real, que vai além de uma simples expressão metafórica.

Fases do luto: o caminho até a aceitação

Antes de falarmos sobre as fases do luto, é preciso dizer que cada pessoa vivencia esse momento de forma única, passando por etapas que podem trazer emoções distintas e intensificar a saudade em diferentes momentos. Vamos entender as fases abaixo:

1. Negaçāo: rejeição à realidade da perda. Surge uma resistência ao que aconteceu, como se houvesse uma esperança de que tudo fosse um engano. Esse período protege emocionalmente a pessoa e o isolamento social é comum para evitar gatilhos de lembrança;
2. Raiva: sentimentos de frustração e injustiça tomam conta, e a dor pode se manifestar em explosões emocionais. É comum direcionar essa raiva a outras pessoas ou até a si mesmo, gerando respostas ríspidas e dificultando interações com outras pessoas;
3. Negociação: aqui, a pessoa em luto tende a refletir sobre o que poderia ter feito para evitar a perda, gerando pensamentos de “e se”. É uma tentativa de racionalizar a situação e aliviar a dor, muitas vezes voltada para crenças ou promessas, na esperança de uma mudança impossível;
4. Depressão: a tristeza profunda e a falta de motivação começam a aparecer, podendo durar semanas ou até meses. A saudade se intensifica, e o isolamento é mais frequente, acompanhado de uma sensação de vazio e dificuldade para retomar a rotina;
5. Aceitação: por fim, chegamos à última fase de luto. Aqui, ganhamos a compreensão da nova realidade e a possibilidade de relembrar o ente querido com carinho e saudade.

É importante lembrar que a aceitação não elimina a dor, mas permite seguir adiante com a presença dessa pessoa na memória e no coração.

Quando o luto vira saudade?

O luto se transforma em saudade quando a dor intensa da perda começa a dar espaço para lembranças afetuosas e para a aceitação da ausência. 

Nesse momento, a saudade se torna uma forma de manter viva a memória do ente querido, permitindo que as recordações tragam conforto em vez de sofrimento. 

Esse sentimento, embora ainda possa trazer emoções de tristeza, passa a ser uma expressão de amor e gratidão, representando um avanço no processo de cura. É um elo entre o passado e o presente, honrando a pessoa que partiu com carinho e serenidade.

Como lidar com a saudade no luto

A saudade no processo de luto é bastante comum. Mas, mesmo sendo desafiador para a cura, é possível adotar práticas para suavizar o sentimento de perda! Abaixo, confira algumas sugestões.

Preservação de memórias

Guarde objetos, fotos e lembranças que representam bons momentos com a pessoa amada. Criar um álbum de fotos ou um cantinho especial com essas recordações pode proporcionar consolo, transformando a saudade em um sentimento de presença.

Conversas com amigos e familiares

Compartilhar memórias e sentimentos no luto com pessoas que também sentiram a perda pode ser reconfortante. Amigos e familiares podem oferecer apoio emocional ao luto, promovendo um espaço seguro para que você expresse sua saudade e suas lembranças.

Criação de homenagens pessoais

Pequenas homenagens, como plantar uma árvore, acender uma vela em datas especiais ou doar a uma causa que a pessoa querida apoiava, ajudam a manter vivo o legado dela. 

Esses gestos trazem um sentido de continuidade e são uma forma significativa de lidar com o luto e com a saudade.

Um conselho: sentir saudade faz parte do processo e é uma forma de acolher a lembrança da pessoa que se foi. Por isso, não se apresse para “superar” o luto. Permita-se viver cada momento com respeito ao seu ritmo. 

A saudade, quando sentida de forma plena, pode ser um passo importante para aceitar a ausência e trazer leveza ao coração.

Apoio emocional e ajuda profissional no luto

Familiares e amigos podem oferecer compreensão, companhia e um espaço para compartilhar a dor. 

E esse suporte social contribui para aliviar o peso emocional e facilitar o processo de adaptação. Contudo, em casos onde o luto se prolonga e interfere na capacidade de retomar atividades diárias, recomendamos buscar ajuda profissional. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) categoriza o luto prolongado, com mais de seis meses após a perda, como um transtorno mental na Classificação Internacional de Doenças (CID) e na versão atualizada da Associação Americana de Psiquiatria (APA).

De acordo com a OMS, o luto é considerado prolongado quando supera aquilo que se enquadra nas normas sociais, culturais ou religiosas esperadas ao contexto de cada pessoa e passa a causar prejuízos à vida cotidiana.

Nesse caso, a psicoterapia ou grupos de apoio, por exemplo, auxiliam a expressar emoções, reorganizar pensamentos e desenvolver estratégias saudáveis de enfrentamento. 

Além disso, profissionais especializados podem ajudar a transformar o sofrimento em uma saudade pacífica, permitindo que a pessoa encontre novas maneiras de viver em meio à ausência e preservar as boas memórias.

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Por mais difícil que possa parecer, o luto e a saudade são processos naturais na aceitação da ausência de um tio, pai, mãe, amigo ou outro familiar querido. 

Compreender as fases do luto, por meio de práticas de autocuidado e apoio emocional, ajuda a superar a saudade com mais serenidade e manter viva a memória daqueles que amamos. 

Além disso, é importante se permitir sentir e buscar apoio de familiares, amigos ou ajuda profissional, para preservar as boas lembranças deixadas por quem partiu e seguir em frente. 

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